terça-feira, 24 de setembro de 2013

Convento dos Capuchos - Sintra, Portugal



Olá!! Hoje vou falar-vos um pouco sobre o Convento dos Capuchos, o último monumento histórico que visitei durante a minha lua-de-mel em Sintra.

Sempre me fascinou este monumento, sempre imaginei um lugar de paz, de harmonia com a natureza, e não me desiludi. A atmosfera de paz é muito envolvente, em união total com a natureza. O edifício em si é muito pequeno, com divisões mínimas, sem sequer o essencial, e é de espantar como os monges conseguiam lá viver...

A entrada

Terreiro das Cruzes

Terreiro do Sino - dois caminhos ladeiam a cruz e representam o livre-arbítrio.

Terreiro da Fonte


Entrada do edifício [Chovia de vez em quando :) ]



Claustro
Ermida do Senhor no Horto
Interior - uma das divisões [Esta era uma das maiores, imaginem as outras :)]
Um dos corredores... era assim que nos guiávamos na escuridão, através destas luzinhas no chão... Aqui entrava a luz do dia, mas havia lugares completamente sem luz alguma a não ser estas pequenas luzes...


Ermida do Ecce Homo - "Eis o Homem" [A imagem no interior representa a apresentação de Cristo à população por Pôncio Pilatos]



"O Convento dos Capuchos foi mandado construir em 1560 por D. Álvaro de Castro, conselheiro de Estado de D. Sebastião e vedor da Fazenda, em resultado do cumprimento de um voto de seu pai, D. João de Castro, quarto vice-rei da Índia. O Convento de Santa Cruz da Serra de Sintra surgia, assim, num lugar isolado e inóspito, cujas condições naturais à época da sua fundação, tiveram decerto forte influência na escolha da sua localização.

O convento capucho de Sintra é um dos múltiplos exemplos da religiosidade pietista do século XVI em Portugal e ficou conhecido pelo extremo da sua pobreza de construção. De dimensões reduzidas, com celas e dormitório revestidos a cortiça e uma capela cuja abóbada se forma na própria rocha, motivariam a afirmação de William Beckford que em 1787 relatava a sua visita ao Convento dizendo: “…seguimos durante várias milhas um atalho estreito sobre uma colina selvagem e deserta que nos levou ao Convento dos Capuchos, que à primeira vista corresponde à imagem que se tem da morada de Robinson Crusoé” (William Beckford e Portugal. A viagem de uma paixão. Catálogo de Exposição. Palácio Nacional de Queluz, 1987, p. 159).

O Convento materializa o ideal de fraternidade e irmandade universal dos frades franciscanos. Os que o habitaram integravam-se na Província da Arrábida, da Ordem dos Frades Menores Regulares e Observantes.

A portaria do convento, um simples telheiro com tecto e traves de madeira forradas de cortiça, constitui justa expressão da pobreza e contenção que norteou esta construção desprovida de elementos decorativos. 

Habitado ainda nos finais do século XVIII, o Convento de Santa Cruz dos Capuchos terá sido abandonado em 1834, com a extinção das ordens religiosas que o regime liberal determinara. 

Os elementos artísticos existentes no convento apresentam-se hoje muito degradados, fruto do próprio tempo, e sobretudo dos actos de vandalismo a que todo este monumento foi submetido.

A rusticidade do convento, contudo, não pôde ser adulterada pela austeridade inerente a uma estrutura quase rupestre. Numa visita ao edifício, percorremos a exiguidade dos seus corredores incorporados nos blocos de granito, e deixamo-nos envolver na penumbra do quotidiano destes religiosos. Da Igreja passase para o Coro Alto onde se entoavam os cânticos da celebração da missa. Descobre-se, nesse local, a entrada para o corredor das celas, cujas portas de pequena dimensão obrigavam à adopção de uma postura de genuflexão, expressão de humildade perante a intimidade desse local. No final do corredor encontra-se o refeitório onde as refeições tinham lugar sobre uma mesa de pedra, ofertada pelo Cardeal D. Henrique como prova da sua admiração pela vida que aqui se levava. Através de uma ministra, vislumbra-se a cozinha e mais adiante, a Cela do Noviço. Na Casa das Águas, pode constatar-se a preocupação dos frades com a higiene e salubridade do meio em que viviam. O quotidiano desta casa era também preenchido pelas ocupações a que estes religiosos se entregavam na biblioteca, nas enfermarias, sendo ainda possível descobrir-se a ala dos hóspedes e finalizar-se o percurso pelo interior do edifício
entrando na Sala do Capítulo.

A vegetação que rodeia o Convento deve-se já a políticas de gestão florestal de meados do século XIX. Antigamente, o local era muito mais aberto e ensolarado, como pode ser visto nas gravuras contemporâneas à ocupação dos frades. Fora da cerca do convento os terrenos eram cultivados e também se praticava a pastorícia. Os bosques estavam limitados aos terrenos rochosos. Os bosques estavam limitados aos terrenos rochosos e aos altos dos penedos. A mata do convento, com os seus velhos carvalhos e arbustos de grande porte, beneficiou seguramente da protecção dos religiosos. Tendo sobrevivido até aos nossos dias, a mata constitui provavelmente o testemunho mais importante da floresta primitiva da serra de Sintra. Esta mata é constituída por uma formação arbórea submediterrânica dominada por carvalhos caducifólios, com elementos do maquis mediterrânico no subcoberto e grande profusão de fetos, musgos e plantas epífitas e trepadeiras que tudo envolvem e recobrem num denso emaranhado vegetal. Destacam-se, ainda, como exemplares isolados cultivados pelo Homem, o frondoso plátano que cobre o adro do convento, o velho freixo do pátio de entrada e alguns exemplares de buxo de porte invulgar que marginam os caminhos. Pela sua raridade, estado de conservação, porte notável de muitos exemplares e carácter relítico, constitui esta mata um importante valor natural que importa salvaguardar."




Amei visitar o Convento dos Capuchos! Senti-me quase como imagino que os religiosos se sentiam a viver ali: em paz, em harmonia total com a natureza envolvente... Uma vida simples mas, imagino eu, imensamente feliz...

Só tenho duas coisas a apontar... Na minha opinião, as luzinhas no interior não deviam estar no chão mas sim no teto, para se poder ver melhor... Estive a tropeçar algumas vezes... Além disso, apesar de nos darem um mapa para nos orientarmos lá dentro, penso que deviam pôr tanto no interior como no exterior placas de referência... Isto porque interpretar mapas não é o forte de muita gente e é mau para o visitante, por exemplo, achar que está na biblioteca e afinal estar no quarto dos noviços ou coisa parecida... :)



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Autora: Cristina Maria Maias Oliveira
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13 comentários:

  1. Uau!!!!
    Viajei para Sintra hoje e conheci um pouco dessa história tão antiga e tão legal.
    Adorei, bela fotos, um novo conhecimento.
    E tambem vim retribuir o carinho, sinto-me privilegiada.
    bjs
    Ritinha

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  2. é um belo lugar , mas parece estar deixado ao abandono,
    lugares assim deveriam ser mais respeitados.

    bjs

    http://eueminhasplantinhas.blogspot.com.br/

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  3. Obrigado pelo carinho de suas visitas, Cristina.
    Também eu "viajei" contigo a este espaço fascinante. Obrigado por compartilhar.
    Grande abraço.
    Gilson.

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  4. Bonitas fotografias, un lugar precioso. Besos

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  5. Cristina é lindo os lugares que vc nos apresenta xerooo flor *_*

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  6. Uma visita guiada que proporcionou... obrigada pela partilha!

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