Quando decidi ter um filho, sabia que a minha vida ia mudar completamente a partir daquele momento. Pesei muito bem a decisão, os prós e os contras, as responsabilidades e as alegrias.
Sabia que era a hora certa, porque simplesmente não existe uma hora certa.
Quando soube que estava grávida, os cuidados comigo própria mudaram como da noite para o dia. Já não era só eu, que tantas vezes me desleixava ou não me dava importância. Éramos nós os dois, eu e o meu filho. Acima de tudo uma vida que eu carregava dentro de mim, extremamente frágil e extraordinariamente preciosa. Por vezes, nem acreditava que era verdade, não acreditava que tal milagre fosse possível, pelo menos em mim.
Acho que só caí em mim, na realidade, quando fiz a primeira ecografia. Quando o vi pela primeira vez. Era uma criança, um bebé que eu tinha na minha barriga! O meu bebé! Que extraordinário!
Comecei a sentir-me importante, alguém a ter em conta, alguém que devia ser cuidada e protegida. Senti-me mais frágil, mais efémera. Tinha de ter cuidados, tinha de me proteger, não por mim, mas pelo milagre dentro de mim.
Quando o senti mexer a primeira vez, ainda bem pequenino, ainda só no fundo de mim, sem se notar do lado de fora, senti-me abençoada, diferente, extraordinária, acima de tudo e de todos. Uma sensação indescritível, algo tão íntimo e maravilhoso que só pode sentir quem é mãe!
Mãe! Uau! Sou mãe! Apesar de todo o processo da gravidez e do parto, de cuidar e mimar todos os dias o meu filho, ainda me soa estranho chamar-me de mãe!...
Acho que só quando ele me chamar mãe é que eu vou cair em mim e acreditar e interiorizar a sério que sou mãe, que é assim que se chama ao que sou para ele...
Esta que o carregou, que lhe deu a vida, que o pôs no mundo, que o beijou ao nascer, que o cuida, que o amamenta, que o acarinha, esta que eu sou, sou sua mãe!
Realmente, só se valoriza tudo isto ao passar pela experiência...
Acho que se pode dizer mesmo "só quem é mãe é que sabe". É verdade mesmo.
Eu achava que não era, que tinha ideia do que era ser mãe, mas não, não tinha.
A felicidade, o deslumbramento, a abnegação, o minimizar tudo o resto, e só importar ele, o anular das minhas necessidades em prol das dele, o orgulho!...
Ui! Tantos tantos sentimentos novos acerca de um ser tão pequeno...
Tão meu!
Só quero aproveitar todos os momentos, todos os bocadinhos dele, todas as expressões, todas as mudanças, tão rápidas...
Sei que passa tudo rápido demais e eu só quero ir parando no tempo e aproveitar tudo, absorver tudo, dar tudo!...
Esta coisa de ser mãe é realmente extraordinária!